De delicadeza me
construo.
Trabalho umas rendas
Uma casa de seda para uns olhos duros.
Pudesse livrar-me da maior espiral
Que me circunda e onde sem querer me reconstruo!
Livrar-me de todo olhar que quando espreita, sofre
O grande desconforto de ver além dos outros.
Tenho tido esse olhar. E uma treva de dor
Perpetuamente.
Trabalho umas rendas
Uma casa de seda para uns olhos duros.
Pudesse livrar-me da maior espiral
Que me circunda e onde sem querer me reconstruo!
Livrar-me de todo olhar que quando espreita, sofre
O grande desconforto de ver além dos outros.
Tenho tido esse olhar. E uma treva de dor
Perpetuamente.
Do êxodo dos
pássaros, do mais triste dos cães,
De uns rios pequenos
morrendo sobre um leito exausto.
Livrar-me de mim mesma.
E que para mim construam
Aquelas delicadezas,
umas rendas, uma casa de seda
Para meus olhos
duros.
Hilda Hilst
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