Pessoas procuram sossego e confundem a paz com o tédio. Alguns, quando estão melancólicos, se acham miseráveis em tudo. Nada basta. Há quem saia para contemplar o mar e não consiga ver uma gota de água a sua frente. É muito fácil se agarrar ao sofrimento e, num momento de alívio, dizer que aprendeu a dar valor às coisas pequenas, simples da vida.
Leia-se: a ter para onde voltar, cama quente para dormir, um dia bonito para ver, olhos para enxergar, agasalho num dia frio, um abraço de um amigo, companhia para quando a solidão apavora, um céu estrelado, o cheiro de terra molhada que a chuva traz, as sementes que se fertilizam, as árvores que dão sombra quando o sol está inclemente.
Meu Deus, estas podem ser coisas simples, mas não são as pequenas coisas da vida, são as grandiosas. As maiores. As que permanecem para lembrar o movimento de tudo, o ritmo da vida. As "pequenas" coisas são as imensas, meus amores. As mais importantes. E as paisagens, chova ou faça sol, ainda são as que emolduram o encontro deste tal grande amor. E que enchem de adornos qualquer sorriso de alegria!...
Marla Queiroz
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