"Como a maior
parte dos humanóides, carrego o fardo daquilo que os budista chamam de “mente de
macaco” – pensamentos que pulam de galho em galho, parando apenas para se coçar,
cuspir e guinchar. Desde o passado remoto até o futuro desconhecido, minha mente
fica pulando a esmo pelo tempo, tendo dúzias de ideias por minuto, descontrolada
e sem disciplina. Isso, em si, não é necessariamente um problema; o problema é o
apego emocional que acompanha o pensamento. Pensamentos felizes me tornam feliz,
mas – vupt! – com que rapidez torno a me prender a preocupações
obsessivas, estragando a felicidade; e então basta a lembrança de um momento de
raiva pra eu começar a ficar exaltada e brava de novo; e então minha mente
decide que aquela pode ser uma boa hora para começar a sentir pena de si mesma,
e a solidão não demora a chegar. Afinal de contas, você é o que você pensa. As
suas emoções são escravas dos seus pensamentos, e você é escravo de suas
emoções.
O outro
problema de toda essa pulação pelos galhos do pensamento é que nunca está onde
está. Você está sempre remoendo o passado ou especulando sobre o futuro, mas
raramente para no momento presente. É um pouco como o hábito da minha amiga
Susan, que – sempre que vê um lugar bonito – exclama, quase em pânico, “Que
lindo isto aqui! Quero voltar aqui algum dia!”, e preciso lançar mão de todo o
meu poder de persuasão para tentar convencê-la de que ela já está
lá."
(Elizabeth
Gilbert em Comer, rezar, amar)
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