29/07/2012

ACHISMOS OU COMO PERDEMOS TEMPO PENSANDO NO QUE OS OUTROS ESTÃO PENSANDO

 

Cada vez estou mais certa de que o câncer dos relacionamentos é o achismo. A moça que não convida o moço para sair porque acha que ele irá julgá-la atirada. A amiga que fica chateada com a outra porque achou que ela teve má vontade para fazer um favor. O cara que termina com a menina porque acha que ela poderá traí-lo um dia. A mãe que repreende o filho porque acha que ele está mentindo.
A terapia já havia me alertado sobre isso. Quando, há algum tempo, frequentei o divã da Fátima, a ouvi dizer, mais de uma vez, que a maior parte da energia que nós desperdiçamos é aquela empregada na estúpida mania de deduzir o que os outros estão pensando. E na maioria esmagadora das vezes, dizia ela, estamos errados.
Decorei, mas não aprendi. Se eu não havia aprendido quando me explicaram didaticamente, a vida meu deu várias chances de tentar entender por outros caminhos. Filmes e os livros que várias vezes me fizeram refletir sobre o assunto. O mais recente deles, “Um Dia”, que terminei de ler há duas semanas, me tocou muito nesse aspecto. É basicamente uma história de desencontros em que dois amigos passam 20 anos desencorajando seus sentimentos por não fazerem ideia da importância que tinham um na vida do outro.
E pra não restar dúvidas de que especular é tão eficiente quanto tentar se enxugar com uma toalha encharcada, existe a vida. Ratificando a terapia e a arte. A vida que, um dia depois de eu ter terminado de ler “Um Dia”, colocou em minha frente uma pessoa que eu passei os últimos meses tendo a certeza de que me odiava. Havia um motivo, afinal. Ou melhor, eu achava que havia um motivo. Eu achava ter ofendido ao reagir a uma situação que não me agradou. Eu achava que a situação que não me agradou havia sido uma atitude deliberada, só para me chatear. E teria passado o resto da vida achando tudo errado se não houvesse um encontro ao acaso e um pedido de desculpas que, naturalmente, não partiu de mim. Lamento. E lamento mais ainda saber que, embora aliviante, esse caso foi uma exceção.
No fim das contas, a maioria das coisas que achei equivocadamente permanecerão intocadas e sem perdão.

Fernanda Pinho
Fonte http://crondia.blogspot.ie/2011/09/achismos-ou-como-perdemos-tempo.html

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