03/03/2011

Estou no começo do meu desespero . . .

‘Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa’.



São versos de Adélia Prado, retirados do poema A Serenata.






Narra a inquietude de uma mulher que imagina que mais cedo ou mais tarde um homem virá arrebatá-la, logo ela que está envelhecendo e está tomada pela indecisão – não sabe como receber um novo amor não dispondo mais de juventude.


E encerra:


‘De que modo vou abrir a janela, se não for doida?


Como a fecharei, se não for santa?’.






Adélia é uma poeta danada de boa.


E perspicaz.


Como pode uma mulher buscar uma definição exata para si mesma, estando em plena meia-idade, depois de já ter trilhado uma longa estrada onde encontrou alegrias e desilusões, e tendo ainda mais estrada pela frente?


Se ela tiver coragem de passar por mais alegrias e desilusões – e a gente sabe como as desilusões devastam – terá que ser meio doida.


Se preferir se abster de emoções fortes e apaziguar seu coração, então a santidade é a opção.


Eu nem preciso dizer o que penso sobre isso, preciso?


Mas vamos lá.


Pra começo de conversa, não acredito que haja uma única mulher no mundo que seja santa. Os marmanjos devem estar de cabelo em pé: como assim, e a minha mãe???


Nem ela, caríssimos, nem ela.


Existe mulher cansada, que é outra coisa.


Ela deu tanto azar em suas relações que desanimou.


Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos pra cá que deixou de ter vaidade.


Ela perdeu tanto a fé em dias melhores que passou a se contentar com dias medíocres.


Guardou sua loucura em alguma gaveta e nem lembra mais.



http://abuscadafelicidade.wordpress.com/2009/08/08/202/

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